Alguns levam a sério e outros nem tanto, mas o que une a todos são as dúvidas e as incertezas em relação a este novo vírus: Coronavirus (Covid-19). Enquanto em alguns países a quarentena encontra-se na sua extremidade e ninguém pode sair de casa, em outros países a vida continua sem alterações.
No Japão, após a divulgação do Estado de Emergência em 7 províncias (Tokyo, Saitama, Chiba, Kanagawa, Osaka, Hyogo e Fukuoka) no início de abril e depois ampliado para o país inteiro no dia 16 de abril, a vida começa a sofrer algumas alterações. Algumas regiões, onde a concentração de pessoas era muito grande, agora pode-se observar uma queda significativa. Parques temáticos fechados, estabelecimentos comerciais com horários reduzidos e as pessoas em casa.
De acordo com o Cônsul Geral do Brasil em Nagoya, Nei Futuro Bitencourt, logo que surgiram sinais de que o surto do novo coronavírus (denominado sars-cov-2) chegava ao Japão, o consulado-geral passou a transmitir informações, orientações sobre a doença COVID-19 e as instruções das autoridades japonesas e brasileiras. “O público estava também preocupado e atento, como prova nossa publicação na página facebook do consulado-geral, que naquela época chegou a mais de 190 visualizações e milhares de interações”, disse o cônsul.
Além disso, o Consulado adotou medidas de proteção ao pessoal do posto e de facilitação da higiene pessoal e das mãos do público que ainda ocorria em grande número à sede do órgão. “Atendemos entre 100 e 150 pessoas por dia, em situação normal, e esse número pode ficar em 200 em dias especiais e alcançar mais de 800 pessoas que se dirigem ao prédio, em dias feriados como Golden Week e Obon. Para isso, mantemos por todos os nossos meios, informação sobre as recomendações de regra, baseadas em conhecimento e experiência científica, de proteção, higiene pessoal, distanciamento social e quando necessário, isolamento. Além disso, foram cancelados eventos e atividades que impliquem formação de aglomerados de pessoas”, disse.
O consulado-geral também adotou medidas restritivas e os atendimentos para pedidos de passaporte, regularização eleitoral e atestados militares somente à distância. “Ao mesmo tempo, reforçamos os alertas e passamos a não receber mais público, sem antes entender o assunto, preparar o atendimento e assim evitar aglomeração”, explicou.
O cônsul acrescentou ainda que apesar dos problemas que tudo isso podem ocasionar para brasileiros, o público reagiu de forma muito positiva, inteligente, ao compreender que o interesse em prevenção é geral. “As pessoas também estão precavidas e querem evitar risco de contágio, então, nossas medidas foram bem recebidas, embora com tristeza, mas de forma resignada à realidade do momento. É muito importante que o público entenda que de nada adianta forçar um atendimento desprotegido e incoerente com a situação, já que basta haver uma só infecção entre o pessoal do consulado-geral e teremos de fechar esse posto. Seria muito pior e prejudicaria muito mais os brasileiros”.
O psicólogo Alves Bernardi Vivicanan acredita que o isolamento social é necessário, mas podem trazer consequências piores. “Não é um probleminha qualquer, tem dimensões continentais e a gente precisa ter consciência de que não é simples. Temos no DSM5 uma área que chamamos de transtorno de estresse pós traumático. E meu pensamento vai para daqui a alguns meses, depois do controle do coronavírus. Nesse período é que mora o período”, disse.
As famílias estão se isolando no momento e é necessário que agora se faça isso. “Mas nós vamos poder colher uma solidão de pessoas que se enclausuram, principalmente aqueles que não tem família. E é possível que daqui a 4 ou 5 meses, teremos uma população com aumento excessivo do medo. Que poderá levar a um ataque do pânico e sintomas próximos disso. Não é otimista, mas como psicólogo e estudante do comportamento, podemos ver esse cenário”, enfatizou.
Bernardi acrescentou que é possível que pessoas desenvolvem ansiedade, fobia social, pânico e outros transtornos. “A preocupação é que isso seja potencializado devido a impossibilidade de termos mais contato social. Evitar o contato social é primordial para evitar que a pandemia propague ainda mais. Mas hoje contamos com a tecnologia para mantermos o contato social. Seja através de telefonemas por vídeo ou somente pelo som, podemos ainda manter a o contato com nossos amigos e familiares”.
Por outro lado, o psicólogo vê um lado otimistamente. “Podemos ver também mais união das famílias, casais mais próximos, pais mais próximos dos filhos. O valor do avanço tecnológico nos ajudaria a amenizar esses sintomas, ou seja, os avós poderiam ter contato online com os netos. São opções novas, são soluções que surgirão”, disse.
Com esta pandemia, a população tem um tempo maior, ou seja, tempo para fazer um curso online, buscar novos conhecimentos, tempo para aqueles amigos que estão mais longe, ter um tempo para a família. “Abrace a sua família, brinque com o seu filho e aprenda algo novo, para que após a crise você possa utilizar esse novo conhecimento a seu favor. Utilizar esse tempo de uma forma produtiva tanto afetiva como para o seu desenvolvimento profissional”, finalizou Bernardi.
A única certeza que podemos ter é que a prevenção é muito importante. Lave as mãos corretamente, evite lugares com grande aglomeração. “Podemos mostrar o melhor de nós, a qualidade, capacidade, inteligência e força de brasileiros, se com nosso comportamento nos somarmos às ações de combate à COVID-19. Podemos muito mais e, apesar das dolorosas perdas que poderão representar termos parentes e amigos atingidos por essa doença e suas consequências, vamos fazer essa travessia e continuar o que sempre fizemos: fazer de nosso país um espaço de desenvolvimento solidário, onde todos podem realizar seus objetivos de felicidade individual e coletiva”, disse o cônsul.